Os cabelos grisalhos dividem opiniões em rodas de discussão. Enquanto para os homens, os fios acinzentados são considerados charmosos, para as mulheres é falta de vaidade e desleixo. A psicóloga Maria Rafart fez uma análise sobre as pressões que as mulheres enfrentam para continuar com a mesma beleza da juventude.
“A sociedade se movimenta, provavelmente desde a era industrial, em relação ao novo. Expressões como ‘Sob nova direção’, ou a etiqueta de ‘novo’ nas embalagens, passam a ideia de frescor e de coisa boa. Precisamos vender mais, e para vender mais, as coisas precisam ser trocadas por outras novas. Neste contexto, a expressão “velho” remete a algo próximo do desuso, que necessita de substituição. Por analogia, pessoas velhas são consideradas ultrapassadas, necessitando de reparo ou substituição urgente”, disse Maria.
Segundo a especialista, as mulheres não precisam agradar ninguém, cedendo às pressões estéticas que a sociedade impõe. “Para as mulheres, além da temática do envelhecimento como algo que a sociedade não recebe bem, há a carga de machismo que faz com que ela se coloque, simbolicamente, numa prateleira, como mercadoria que é escolhida com base na sua beleza, e no frescor da sua juventude”.
Maria explica que a ideia do antiaging, dos cremes e produtos que movimentam bilhões ao ano, surgiu da impossibilidade de envelhecer.
“A idade precisa ser combatida, e um potinho de creme, ou um tubo de tinta, pode reverter este processo. Aos poucos, mulheres como eu nos demos conta de que simplesmente não conseguimos nos manter no frescor de nossos 30 anos. Eu não consigo! E quero parecer meus 57, do jeito que eu quiser, sem ter medo de ser comparada, ou pior, trocada, por duas de 20, como se dizia antigamente. No meu caso, praticamente três de 20”.
Em suas redes sociais, a psicóloga faz um trabalho de incentivo para que as mulheres possam ser quem desejam ser. “Se quiserem manter as tintas, ok. Se não quiserem, aqui estou eu para mostrar que cabelo grisalho também é bonito e tem atitude. E pode ser comprido também. A minha transição de tintas para o grisalho foi pública, pois eu posto um vídeo de psicologia por dia. Isto carregou alguns haters em minhas redes sociais. Homens e mulheres já me disseram para pintar os cabelos, me disseram que estava horrorosa, me disseram que eu parecia uma velha, dentre outras afirmações menos gentis”, disse Maria Rafart, que completou:
“Não quero parecer jovem. Quero parecer quem eu sou. Uma mulher madura, que vive a sua vida. Eu comecei a correr aos 50 anos. Fiz a minha primeira maratona aos 54. Fiz minha primeira tatuagem aos 53. Tenho o propósito há mais de um ano de não comprar roupas novas, e uso acessórios que têm mais de 30 anos, combinados com outros novinhos em folha, que ganho de seguidores. Essa sou eu. Meus comportamentos de estética, relacionamento (sou noiva), sexualidade ou consumo, quem determina sou eu. Eu nem gosto que digam que eu ‘pareço mais jovem’ assim eu tenho o direito de ser velha”.
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