Dado Dolabella é alvo de investigações sobre violência contra a mulher

Dado Dolabella é alvo de investigação após namorada relatar agressão; caso reacende alerta sobre violência contra a mulher

O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu apuração sobre Dado Dolabella após denúncias de violência doméstica feitas por sua namorada, a modelo Marcela Tomaszewski. O caso veio à tona com vídeos publicados por uma amiga da modelo e divulgados inicialmente pela colunista Fábia Oliveira, nos quais Marcela afirma ter sido agredida após “colocar muito sal na comida”. Depois da repercussão, o casal disse que houve apenas uma briga, mas o episódio segue sob análise das autoridades.

A dinâmica descrita — conflito doméstico que escala para violência — coincide com padrões frequentemente observados em estudos sobre feminicídio e violência de gênero no Brasil. Pesquisas do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam que os principais gatilhos para feminicídios íntimos são o inconformismo com a separação (45%) e ciúmes/posse/machismo (30%), além de “discussões banais” que funcionam como estopim em relações marcadas por controle e agressões prévias.

Números em alta: o retrato recente do feminicídio no Brasil

O Brasil registrou 1.492 feminicídios em 2024, o maior número desde que o crime foi tipificado em 2015 — uma média de quatro mulheres mortas por dia. O total representa alta em relação a 2023 e ocorreu apesar da queda nas mortes violentas intencionais em geral. Os dados constam do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2025), compilado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e foram destacados por veículos como a Agência Brasil e a CNN Brasil.

O anuário também traça o perfil das vítimas e do contexto: oito em cada dez feminicídios são cometidos por parceiro ou ex-parceiro; 64% acontecem dentro da residência da vítima; 64% das vítimas são negras; a maioria tem entre 18 e 44 anos. Esses recortes reforçam o caráter íntimo e estruturante da violência de gênero no país.

Por que homens cometem esse crime?

Especialistas e órgãos do sistema de justiça apontam fatores recorrentes:

  • Machismo estrutural e cultura de posse (controle do corpo e da vida da mulher, legitimação da violência como “disciplina” ou “punição”).

  • Inconformismo com a separação e ciúmes/posse, frequentemente combinados a histórico de agressões e ameaças.

  • Ciclos de violência que começam com agressões psicológicas e morais, avançam para agressões físicas e, em contextos de escalada e isolamento da vítima, podem culminar em feminicídio.

Serviço

Mulheres em situação de violência podem buscar ajuda no Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) e na polícia via 190. Procure a Delegacia da Mulher mais próxima e, se possível, registre boletim de ocorrência e solicite medidas protetivas.

Nota da redação: Dado Dolabella e Marcela Tomaszewski afirmaram tratar-se de desentendimento de casal; o caso, contudo, segue em apuração oficial. Este texto será atualizado se houver novas manifestações das partes ou das autoridades.