“TV Globo cancela documentário sobre a revista G Magazine”
A TV Globo decidiu cancelar a estreia de uma série/documentário que retrataria a trajetória da revista G Magazine — publicação brasileira que circulou entre 1997 e 2013 e ficou marcada por ensaios de nudez masculina e cultura pop ligada à comunidade LGBTQIA+.
Segundo a emissora, o projeto — desenvolvido para a plataforma Globoplay e em produção desde 2023 — foi engavetado porque “a história não chegou onde a gente queria”, conforme declaração de Manuel Belmar, executivo da Globoplay. Oficialmente, não haveria censura; nos bastidores, porém, aponta-se que a decisão está ligada a uma adequação ao perfil de público interno mais conservador identificado em pesquisa da própria empresa.
Principais nomes que posaram na revista
Entre os rostos célebres que aceitaram ensaios para a G Magazine, estão:
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Alexandre Frota — um dos nomes mais lembrados da publicação.
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Mateus Carrieri — ator que estampou capa da revista.
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Vampeta — ex-jogador de futebol, fez ensaio para a publicação em 1999.
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Latino — cantor que também participou de ensaio nu para a revista.
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Túlio Maravilha — outro atleta que figurou entre os ensaios da G Magazine.
Os valores dos cachês pagos pela revista variavam amplamente de acordo com o nome do convidado e o período. Algumas referências:
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Vampeta relatou que recebeu R$ 100 mil para seu ensaio em 1999.
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Latino disse ter recebido R$ 200 mil.
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Alexandre Frota revelou ter recebido R$ 300 mil por uma edição em que posou em cenário mais ousado.
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Em anos posteriores, segundo levantamento, alguns cachês variavam entre R$ 10 mil a R$ 40 mil para nomes menos consagrados.
A G Magazine marcou uma mudança de paradigma no mercado editorial brasileiro ao levar ao público masculino — e ao universo gay — ensaios de nudez frontal masculina, algo raro na época.
O cancelamento do documentário reacende o debate sobre liberdade editorial, visibilidade LGBTQIA+ na mídia e os limites de produção em plataformas de streaming diante de perfis de público que, segundo a Globo, se mostraram mais conservadores do que o estimado.
Com o projeto engavetado mesmo em estágio adiantado de produção, o caso evidencia os desafios de revisitar histórias que envolveram sexualidade, juventude e cultura pop em um Brasil que ainda enfrenta tensões sobre representação, mercado editorial e classificação de conteúdo. O legado da G Magazine permanece como parte da memória cultural — e agora cabe ao público e à indústria refletirem sobre quem decide — e por quê — contar essas histórias.