Fotos: Reprodução Instagram
A semana de alta-costura de Paris já terminou, mas continua dando pano para a maga por três acontecimentos além da moda e tendências apresentadas: A polêmica da modelo Kylie Jenner ao aparecer com um vestido preto da Schiaparelli, com uma cabeça de leão grudada nos ombros, como se fosse empalhada; os vestidos surrealistas, colocados de formas estranhas de Viktor&Rolf e a marcante e brilhante aparição de Marina Ruy Barbosa no desfile de Giambattista Valli.
Começando por Jenner, ela acabou causando mais polêmica por ser uma figura pública com milhões de seguidores nas redes sociais e exemplo para muitas pessoas, inclusive os jovens da Geração Z. Mas na verdade, o desfile inteiro da grife, conhecida pelo surrealismo causou esse estranhamento ao colocar não só o leão, mas também a cabeça de outros animais na passarela. Acontece que a coleção tinha como inspiração o clássico “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, que ao descrever os nove círculos do inferno, retrata os animais que guardam as portas da luxúria, orgulho e avareza, ou seja, a pantera, o leão e a loba. Todos eles representados durante o catwalk. O diretor criativo Daniel Roseberry até defendeu, afirmando que nenhum animal foi maltratado ou ferido e que as peças foram feitas de material sintético, a partir de um processo de taxidermia falsa, mas não teve como fugir das críticas, afinal de contas, nenhum tipo de sofrimento ou crueldade animal – como acabou sugerindo as cabeças como troféus para caçadores – é aceito ou cabe para servir nem a moda, nem nenhuma outra área.
O PETA, organização não-governamental dedicada às causas animais, tentou defender, mas também não obteve muita repercussão. “O visual de Kylie celebra a beleza dos leões e pode ser uma declaração contra a caça de troféus, na qual famílias de leões são separadas para satisfazer o egoísmo humano”. Na real, faltou bom senso.
O surrealismo também apareceu no desfile de Viktor & Rolf, mas de forma muito mais leve, embora estranha. A grife trouxe para a passarela vestidos de debutantes em ângulos inusitados na intenção de “desconstruir a alfaiataria”. Mas mais do que isso, trouxe a ideia de que “o vestido é meu, uso como quiser”. Ok, mas que ficou estranho, ficou, embora tenha causado muito menos repulsa do que as cabeças da Schiaparelli.
Quem salvou a semana de alta costura, no entanto, foi Marina Ruy Barbosa. Ela sim, uma aposta certeira de Giambattista Valli, que a colocou vestida de noiva para fechar o desfile. Encerrou lindamente, mostrando que apesar dessas esquisitices, a alta costura é para apresentar beleza. Valli apostou no bom gosto e acertou em cheio.