Em tempos em que o mundo ensaia uma retomada da pandemia da Covid-19, a grande lição que fica é valorizar a qualidade de vida. E no quesito morar bem, isso se aplica diretamente à infraestrutura, mobilidade, áreas verdes e boas ofertas de cultura, gastronomia e lazer, além do perfil dos moradores, que conta – e muito – para a valorização de espaços residenciais. Por isso, Pinheiros, um dos bairros mais antigos de São Paulo, está entre os favoritos do público de alta renda e atualmente lidera o ranking do mais caro para se comprar um imóvel, com valor médio do metro quadrado a R$ 14.479, segundo relatório do Imovelweb, um dos maiores portais imobiliários do país. Situado na Zona Oeste da cidade, Pinheiros é atualmente considerado um dos lugares mais estruturados e com maior índice de desenvolvimento humano da capital paulista. “É devido à sua localização e à farta variedade de atrações culturais, como museus, shoppings, praças e parques. Também colabora o acesso às principais avenidas da cidade”, diz Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). A proximidade de do Hospital das Clínicas, de Universidades como a USP e a PUC e de grandes centros comerciais como os shoppings Eldorado e Iguatemi também são bons atrativos da região, assim como ser considerada um polo cultural da cidade, repleta de atrações que vão do Instituto Tomie Ohtake à feira de antiguidades da praça Benedito Calixto, dos Museus da Imagem e do Som (MIS) e Museu da Casa Brasileira MCB) aos murais de artistas famosos como Eduardo Kobra, Rita Weiner e Felipe Morozini. Assim como os tradicionais clubes frequentados pelo público AA como o Clube da Hebraica e o Esporte Clube Pinheiros – famoso por lançar atletas olímpicos – e as áreas verdes e arborizadas representadas pelo Parque Villa Lobos, a Praça Panamericana e a Praça do Pôr do Sol, onde as pessoas costumam caminhar, correr ou pedalar, ajudam a manter a tranquilidade do distrito residencial. “O bairro também tem poucos terrenos disponíveis para obra e, com ofertas menores, a tendência de valorização da área construída é cada vez maior”, acrescenta França.
Para se ter uma ideia, é em Pinheiros que se encontram três dos empreendimentos residenciais mais caros de São Paulo: os edifícios Franz Schubert, com apartamentos de 621 a 1.133 metros quadrados e preço na média de 21,6 milhões de reais; George Sand, com unidades de 680 metros a 1333 metros quadrados, avaliadas a partir de 20 milhões de reais e Frederic Chopin, com itens que vão de 585 a 1180 metros quadrados, e custos em torno de 18 milhões de reais, todos da Incorporadora São José. “É um bairro antigo, com ruas arborizadas, muito bem servido e extremamente atraente”, pontua o arquiteto e urbanista Itamar Berezin.
O parecer do Imovelweb traz ainda alguns detalhes que ajudam a mapear o mercado imobiliário em São Paulo. Segundo o relatório, o preço médio de compra do metro quadrado na cidade foi, em média, R$ 9.465 em setembro, ou seja, houve um aumento de 0,3% nos preços se comparado ao mês anterior. Números que claramente indicam que o setor está cada vez mais consolidado e, diferente de outras áreas que padecem para chegar aos níveis anteriores à crise sanitária, demonstra um aquecimento real, com uma maior busca por imóveis e, consequentemente, a valorização deles. “A gente percebe pelo volume de trabalho que a pandemia não estragou o movimento desse mercado. Na verdade, o segmento começou uma retomada e estamos vivendo a continuidade disso na compra de imóveis de alto padrão”, afirma Berezin. Na opinião de Luiz França, porém, comprar um imóvel é ainda um dos melhores investimentos atualmente. “De longe supera aplicações de risco como ações e dólar.”
Os imóveis residenciais e comercias para locação também estão em alta. Embora os dados da pesquisa do portal imobiliário mostrem estabilidade em 2021, não registrando alterações significativas – houve uma queda ínfima de 0,1 no início do ano, em 12 meses teve um aumento de 3,4% no preço. O lugar que registrou maior valor de aluguel é o Itaim Bibi, outro bairro nobre da capital paulista, girando em torno de R$ 4.834.