Oportunismo da mídia em relação a morte de famosos

O ator, cantor, modelo e personal trainer faleceu vítima de um câncer. Ex-integrante dos assistentes do Programa Domingo Legal (SBT), ex vocalista do grupo Dominó e que se tornou conhecido por viver um romance com a primeira mulher de Chitãozinho, quando era mais jovem. Beirando os 50 anos, Klaus dava aulas de educação física e vendeu suas revistas autografadas da extinta G Magazine para fãs antigos com o objetivo de juntar dinheiro para criar a filha e gravar novas canções. Sonhava em participar de reality shows e vivia ainda com as lembranças de um passado de sucesso. E poucos foram os jornalistas que o ouviram e deram espaço.

O mesmo aconteceu com Vinicius Pin, atleta, ex Mister Espirito Santo, que ficou famoso por ter sido acionado pela Disney após postar fotos com o Mickey, que aliás me deu um de presente. Vinicius era preocupado com a saúde, queria mostrar isso para o público e também sonhava em participar de um reality show. Casou-se com um empresário milionário, dono de uma empresa seguradora e vivia próximo a região da Oscar Freire, região nobre de São Paulo, mas nunca desistiu dos seus sonhos. Morreu vítima da COVID 19 e chamou a atenção, por não ter perfil para a doença e ter uma vida saudável.

E coincidentemente, assim como Klaus, ambos viraram notícia após a sua morte, porque infelizmente mortes geram clics nos portais. É com um misto de indignação e reflexão que me deparo com a forma como a imprensa se comporta diante do falecimento de artistas. A morte de figuras como o atleta Vinicius Pin e o cantor e modelo Klaus Hee, por exemplo, revela um oportunismo que não posso ignorar. Durante suas vidas, ambos lutaram incansavelmente por reconhecimento e espaço para divulgar seus trabalhos, mas a atenção que mereciam parecia sempre insuficiente.

Lembro-me das vezes em que vi Vinicius buscando visibilidade para suas conquistas esportivas, sonhando em inspirar jovens atletas. E Klaus, com seu talento singular, também se esforçou para ser ouvido, para que sua arte chegasse ao público e fizesse a diferença. No entanto, a realidade é que muitos veículos de comunicação preferiram ignorar suas histórias enquanto estavam vivos. Ficava horas ao telefone com Klaus, que era um sonhador.

Agora, após suas mortes, todos os meios de comunicação se apressam em publicar notas, lembrando suas trajetórias, exaltando suas contribuições, como se isso fosse suficiente para compensar o tempo em que suas vozes foram silenciadas. É frustrante perceber que a verdadeira valorização só acontece quando não há mais a possibilidade de um retorno, de um agradecimento, ou mesmo de um novo projeto.

Ajudei os dois sim na carreira, criando pautas relevantes e interessantes abordando os mais diversos assuntos, até mesmo o implante capilar que Klaus conseguiu através de uma permuta.

Poucos foram os jornalistas que compraram as ideias, preferindo dar ênfase aos famosos que foram vistos de sunga branca na praia ou que vazaram nudez nas redes sociais, nivelando a notícia por baixo em busca por click bates.

Essa dinâmica não é apenas desrespeitosa para com os artistas, mas também para o público, que perde a oportunidade de conhecer e apoiar esses talentos enquanto ainda estão entre nós. Acredito que é fundamental refletirmos sobre a importância de dar espaço àqueles que, com tanto esforço, buscam ser reconhecidos em vida. Afinal, o que é mais valioso: a memória de um artista após sua partida ou a chance de celebrar e apoiar seu trabalho enquanto ele ainda está ativo?