Você já ou falar ou conhece a Doença do Silicone ou ASIA ?
O sonho de consumo de muitas mulheres é turbinar seus seios com próteses de silicone. Seios fartos, no lugar para ficar bonito com qualquer roupa, abusar dos decotes e ter a autoestima elevada, levam milhares de mulheres para a sala de cirurgia, principalmente após a amamentação, mas este desejo pode virar um pesadelo para algumas mulheres.
Muitas mulheres após a amamentação não conseguem se olhar no espelho, pois sentem saudades do tamanho dos seios quando estavam cheios de leite e recorrem para o implante de silicone nos seios.
Segundo pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), divulgada em dezembro de 2019, foram registradas mais de 1 milhão 498 mil cirurgias plásticas estéticas em nosso país e o implante de silicone está em 1ª lugar.
Dra. Tanit Ganz Sanchez – otorrinolaringologista também teve este sonho após amamentar as suas duas filhas, mas por algum motivo ela procrastinou a ideia. Agora 18 anos depois ela agradece por não ter realizado a cirurgia.
“Conhecer o profundo arrependimento de mulheres que sofreram com vários sintomas após a colocação do implante de silicone mexeu muito comigo. Eu me coloquei no lugar delas. Como médica de visão integrativa, optei por divulgar alguns riscos menos comentados. Não sou contra a cirurgia; sou a favor da conscientização dos riscos para que a decisão de cada mulher seja mais embasada”, diz a Dra.Tanit.
É necessário que as mulheres estejam atentas para todos os prós e os contras da cirurgia de implante de silicone, pois o sistema imunológico é a frente de batalha do corpo contra invasores. O sistema imunológico é diferente para cada pessoa e infelizmente, em algumas mulheres ele é menos preciso, por isso elas desenvolvem doenças autoimunes.
O implante de silicone é visto pelo corpo como um invasor. O sistema imunológico tenta expulsá-lo, mas não consegue porque ele é grande e chegou para ficar. Então, esta frente de batalha produz uma capa protetora ao redor dele para isolá-lo do restante do corpo.
A questão é que essa capa deveria ser suficiente para tranquilizar o sistema imunológico. Já que o invasor não poderá ser expulso, pelo menos ele está quieto e isolado. Só que isso infelizmente não acontece.
Como qualquer corpo estranho, a prótese de silicone pode provocar efeitos colaterais cumulativos, seja porque ela contém neurotoxinas e metais pesados (que são tóxicos para as células e ainda se acumulam em órgãos vitais como cérebro, fígado, rins, ossos e coração) ou porque o sistema imunológico de algumas mulheres luta constantemente contra o silicone. Em lutas constantes, sobram tiros perdidos para células normais do corpo.
Com toda esta batalha no corpo, vários sintomas podem aparecer pouco ou muito tempo após a cicatrização da cirurgia. E eles vão além das mamas e aparecem em momentos tão diferentes que a mulher nem desconfia que eles possam estar relacionados entre si e com o silicone.
São eles: fadiga crônica, névoa cerebral (dificuldade de reunir pensamentos, se concentrar ou lembrar coisas recentes), queda de cabelo, boca seca, dores musculares ou articulares, formigamento, baixa libido, insônia ou sono não reparador e suor noturno (Brawer, 1998, 2017, 2018; Colaris e cols, 2017; Watad e cols, 2018; Borba e cols, 2020). Problemas de ouvido como zumbido, tontura, ouvido tampado ou perda de audição foram o caminho para esse assunto chegar até a Dra. Tanit, com relatos de algumas pacientes.
Esses sintomas de toxicidade do silicone ficaram conhecidos como Doença do Silicone ou ASIA (do inglês: Síndrome Autoimune/Inflamatória Induzida por Adjuvante). Adjuvante é tudo que colocamos dentro de nós que funciona como um corpo estranho e ativa o sistema imune.
Muitos ainda não acreditam na toxidade do silicone, mas basta uma mulher explantar o silicone e se livrar dos sintomas prévios para provar que o problema estava no silicone e na sua toxidade. Algumas pesquisas já estão mostrando que mais de 50% das mulheres que viveram o pesadelo da síndrome ASIA melhoraram dos sintomas após o explante do silicone (Maijers e cols, 2013; Cohen e cols, 2017 e 2018). Elas finalmente estão podendo voltar a sonhar com uma saúde melhor.
As próteses de silicone preenchem espaços vazios que nem sempre são de glândulas mamárias, mas sim de autoestima. Sonhar na frente do espelho com uma imagem diferente que nos traga amor e realização pode parecer uma ajuda para a saúde mental, mas pode virar um pesadelo para a saúde física.
“Nosso papel é colocar luz no assunto para que mais mulheres estejam conscientes, reflitam bem antes de colocar as próteses e, caso já tenham colocado, identifiquem possíveis sintomas”, finaliza a médica.
Sobre a Dra. Tanit Ganz Sanchez:
- Médica Otorrinolaringologista formada pela Universidade de São Paulo;
- Profa. Livre Docente e Associada da Otorrinolaringologia da Universidade de São Paulo
- Orientadora de pós-graduação da Fonoaudiologia da Universidade de São Paulo;
- Pesquisadora dos incômodos dos ouvidos há mais de 25 anos, reconhecida internacionalmente como referência para assuntos relacionados sobre a “Quadrilha do Ouvido;
- Fundadora e Diretora do Instituto Ganz Sanchez que há mais de 10 anos que é direcionado exclusivamente ao estudo e atendimento de pessoas com Zumbido, Misofonia e Hiperacusia;
- Criadora e coordenadora do: – GANZ: Grupo de Apoio Nacional a Pessoas com Zumbido;
- Idealizadora do Novembro Laranja (Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido); –
- Idealizadora da TV Zumbido (www.tvzumbido.com.br);
- Blitz do Ouvido (no Programa Bem Estar Global)
- Membro da ABORL-CCF;
- Membro do Corpo Editorial das revistas científicas: Clinics, International Archives of Otorhinolaryngology e Brazilian Journal of Otorhinolaryngology;
- Pesquisadora incansável sobre o comportamento humano e seus desdobramentos em saúde.
Serviço: