A jornalista e ex-integrante do reality ‘A Fazenda’, Simone Sampaio, é sinônimo de alegria, muita festa e quando se fala em carnaval é considerada simplesmente a Rainha das Rainhas.
Simone esteve há uma década à frente da bateria “Ritmo que Incendeia” da Escola de Samba Dragões da Real, e atualmente brilha em seu terceiro ano consecutivo como Madrinha da agremiação de gente feliz, como é conhecida a escola.
Mas engana-se quem pensa que a beldade começou a sua história no Carnaval na Dragões, pois tudo começou em 1995 quando desfilou pela primeira vez em uma ala na coirmã Unidos de Vila Maria, tendo depois uma bonita e linda trajetória pela Nenê de Vila Matilde.
No Carnaval 2024, ela entra na avenida defendendo a Dragões da Real, que conta a história do negro além da escravatura no samba-enredo ‘Africa: uma constelação de reis e rainhas’.
“Minha fantasia é um grande presente do mago, o carnavalesco Jorge Freitas. Venho representando a luz que emana. Posso dizer que tem muito brilho para representar a luz em cada um de nós”, declara Simone.
“É necessário que nossa história seja contada para além dos navios negreiros e que isso ecoe nas salas de aulas, em cada lar, nos importantes espaços de tomada de decisão, nos livros, nos guetos… Que nossa história possa ser replicada com riqueza de detalhes porque somos heranças desta africanidade potente e divina. É isso que somos”, celebra.
A cada ano e em cada enredo enfrentamos novos desafios, o carnaval é feito por gente aguerrida e que realmente ama a nossa arte e cultura. Costumo dizer que carnaval não vem com a opção com ou sem emoção! Sempre com muita emoção! Sou neta de indígena e filha de um homem negro de família miscigenada, e fiz questão de buscar o conhecimento sobre a ancestralidade, onde muitas vezes fui a única negra nos espaços e me fortaleci a partir dos desafios dentro da minha própria família. Entendi que quando um de nós se movimenta, traz consigo as heranças, dos que abriram caminhos e a promessa dos que virão. É preciso entendermos de uma vez por todas, que só juntos faremos o universo girar. É preciso desconstruir os muros, as estratégias de separação e enfraquecimento lançadas sobre nossa estrutura. É necessário que seja um compromisso da sociedade como um todo o combate ao racismo, à violência e à ignorância! A maternidade a fez estudar mais combater o racismo e a enxergar a sua força como mulher negra. “Sempre fiz do meu black minha coroa. Entendi o porquê de ter sempre cabeça erguida quando me vi divorciada e mãe solo. Estava educando uma menina negra, buscando referências e entendendo a minha responsabilidade sobre o meu bendito fruto. Foi quando entendi que tudo já estava em mim, no meu gene”, explica.A criação da filha Mahryan foi tão potente, que a jovem se tornou ativista e embaixadora da juventude da ONU, além de criadora do Projeto Yalodê, que empodera mulheres negras para inserção no mercado de trabalho.
“Sempre procurei criá-la com exemplos, para isso também fui me fortalecendo cada dia mais, deixando claro que apesar de enfrentarmos diversos desafios, ela poderia ir, fazer, ter e ser o que quisesse”, conta.