Com uma trajetória marcada por pioneirismo e avanços científicos, o Dr. Luiz Tenório Siqueira é referência em oncologia intervencionista no Brasil. Graduado em Medicina pela USP, com especialização no Massachusetts General Hospital – Harvard Medical School, ele coordena atualmente a Oncologia Intervencionista da Rede D’Or em São Paulo. Em entrevista exclusiva, ele compartilha os avanços que têm transformado a forma como tratamos cânceres de fígado, pâncreas e outros órgãos.
Segundo o Dr. Luiz, as cirurgias minimamente invasivas englobam desde procedimentos laparoscópicos e robóticos até os guiados por tomografia e ultrassonografia – estes últimos, os menos invasivos de todos.
“Hoje sabemos que pequenos tumores ou metástases no fígado e rim (menores que 3,0 cm) podem ser tratados por ablação guiada por tomografia, com a mesma taxa de cura das cirurgias convencionais, porém com menos complicações como sangramento, dor, longos períodos de recuperação e até óbito”, explica.
Esse tipo de abordagem tem se tornado a primeira escolha em muitos casos.
Já no pâncreas, o cenário é diferente. “Tumores mais avançados, que não podem ser operados, podem ser tratados com eletroporação guiada por tomografia (CT)”, completa.
Em 2020, o Dr. Luiz foi responsável pelo primeiro tratamento de câncer de pâncreas localmente avançado com a técnica de Eletroporação Irreversível (Nanoknife) no Brasil.
“Essa técnica aplica choques de 3.000 volts no tumor, fazendo com que os poros das células se ampliem de forma irreversível, levando à morte celular programada (apoptose)”, detalha.
Com isso, tumores considerados não operáveis podem ser tratados de forma eficaz, oferecendo uma nova esperança a pacientes que antes tinham opções limitadas.
Em 2022, Dr. Luiz foi premiado em Monte Carlo por seu trabalho inovador na área. Ele destaca o impacto de técnicas como os tratamentos intra-arteriais e ablações — que queimam, congelam ou eletrificam tumores — para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
Embora o câncer de pâncreas continue sendo um dos mais agressivos, o Dr. Luiz afirma que técnicas como o Nanoknife têm aumentado as taxas de sobrevida:
“Os estudos indicam, em média, um ganho de cerca de um ano de vida para pacientes com tumores irressecáveis, comparados àqueles que recebem apenas quimio e radioterapia.”
Estudos mostram um aumento de 2% ao ano nos casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos. Para o especialista, há múltiplas causas:
“Parte disso se deve ao maior número de exames, mas há também a influência do estilo de vida moderno, da alimentação e da exposição a substâncias como microplásticos.”
A conscientização sobre check-ups anuais e o acesso à tecnologia têm sido fundamentais para a detecção precoce de tumores.
“A população está mais instruída, e isso, aliado à melhoria dos exames de imagem, tem permitido diagnósticos mais precoces, o que muda completamente o prognóstico”, afirma.
Além dos fatores genéticos, Dr. Luiz alerta para a influência de fatores ambientais, dietéticos e comportamentais, especialmente entre os mais jovens. O consumo excessivo de alimentos industrializados e as alterações no padrão de sono e atividade física são questões cada vez mais observadas.
A oncologia intervencionista oferece soluções como a ablação por micro-ondas e a radioembolização para tratar tumores hepáticos.
“Esses métodos ajudam os pacientes a alcançarem o transplante ou, em alguns casos, até a cura. O transplante é especialmente importante porque trata não apenas o câncer, mas também a disfunção hepática que pode vir junto”, explica.
Ao longo da carreira, o Dr. Luiz viu muitas vidas transformadas. “Talvez um dos casos mais marcantes foi o de um paciente com câncer de pâncreas irressecável, tratado com eletroporação há mais de três anos. Hoje ele vive sem evidência de doença, com excelente qualidade de vida e sem precisar de quimioterapia”, conta emocionado.
Para os próximos anos, o Dr. Luiz aposta na ampliação do acesso e da conscientização sobre os tratamentos guiados por imagem:
“É fundamental que os pacientes procurem ativamente os radiologistas intervencionistas para avaliar se são candidatos a esses tratamentos. A próxima fronteira será a associação de imunoterapia com métodos como a eletroporação.”
Dr. Luiz Tenório Siqueira
CRM 108299 | SP / RQE 71159
Graduado pela USP em 2002, com residência em radiologia no Hospital das Clínicas. Especializou-se no Massachusetts General Hospital – Harvard Medical School entre 2008 e 2010. Foi médico assistente do ICESP e atuou no Hospital Sírio-Libanês. Desde 2018, coordena a Oncologia Intervencionista da Rede D’Or em São Paulo.