Brendo Silva, ex-seminarista que dedicou mais de uma década à vida religiosa, desabafa sobre sua experiência em meio a um ambiente de repressão e hipocrisia. Em seu livro, A Vida Secreta dos Padres Gays – Sexualidade e Poder no Coração da Igreja (Matrix Editora), ele narra a dualidade de sua vida, marcada por relacionamentos sexuais com outros seminaristas e padres, enquanto era submetido a terapias para a “cura gay”.
“Era normal manter relações sexuais entre nós e também com os padres. Ao mesmo tempo, passávamos por sessões de terapia para a ‘cura gay’. Essa era a vida dupla que eu tinha, me fez abandonar o celibato e tirou minha vontade de ser padre”, conta Brendo.
Entrando para a vida religiosa aos 12 anos, Brendo não chegou ao sacerdócio, mas viveu um dilema constante entre sua sexualidade e as expectativas da Igreja Católica. Ele descreve um ambiente onde a maioria dos seminaristas se identificava como gays e onde o assédio por parte de padres era uma realidade comum.
“Quando relatávamos o que acontecia, outros padres e freiras não acreditavam na gente”, relembra. Para Brendo, a imposição do celibato, vista como uma forma de pureza espiritual, apenas contribui para um cenário de repressão afetiva e sexual.
O lançamento do livro promete abrir um diálogo sobre a sexualidade dentro da Igreja e os desafios enfrentados por aqueles que se sentem aprisionados por doutrinas antiquadas. Brendo espera que sua história inspire outros a falarem sobre suas experiências e a buscarem a verdade em suas vidas.