Foto: Felipe Braga
A música “Poesia Custica”, de Valesca Popozuda, lançada no último final de semana, é mais uma amostra do que muitos consideram a deterioração da qualidade musical no Brasil. Em meio a letras recheadas de palavras de baixo calão e situações sexuais explícitas, a canção rapidamente se tornou um fenômeno nas redes sociais, com milhares de reproduções e repostagens, para a alegria da cantora que está feliz com a viralização da música. No entanto, essa popularidade não reflete um mérito artístico, mas sim uma preocupante tendência que vem se consolidando na cena musical brasileira.
A ex-frentista já havia explorado temas polêmicos em suas canções anteriores, parece ter escolhido um caminho cada vez mais rasteiro, nivelando sua carreira por baixo. “Poesia Custica” não traz inovação, nem profundidade; é uma repetição de fórmulas desgastadas que, em vez de entreter, desmerecem a rica cultura musical do país. A canção se junta a um repertório que banaliza o erotismo e transforma a música em um verdadeiro lixo sexual, distorcendo o que poderia ser uma expressão artística mais respeitável.
A recepção massiva nas redes sociais pode ser um reflexo da realidade contemporânea, onde a superficialidade e a busca por polêmica muitas vezes superam a qualidade e a reflexão. O que se vê é uma plateia sedenta por conteúdos que alimentam a banalidade, enquanto artistas como Valesca se aproveitam dessa demanda para lançar produtos que, a longo prazo, contribuem para a desvalorização da música brasileira.
“Gosto de falar sobre liberdade sexual porque é tudo verdade. Estou expondo coisas que acontecem no dia a dia, mas que muitas pessoas não têm coragem de falar, ficam com vergonha”, afirmou a artista ao Terra.
É essencial que o público comece a questionar o que consome e a exigir mais de seus artistas. A música tem o poder de inspirar, educar e provocar reflexões, e não deve ser reduzida a um espetáculo de vulgaridade. “Poesia Custica” é um alerta sobre o caminho que estamos trilhando: um convite à reflexão sobre o que queremos para a nossa cultura e para as futuras gerações.
O videoclipe em formato selfie, de baixo custo e baixa qualidade, combinando com o baixo nível da canção foi gravado no mercadão de Madureira (Rio), na rua 25 de Março e na Liberdade, zonas populares.