‘Oficina do Ser’ projeta expansão e quer multiplicar sua força transformadora em novos territórios

ONG enraizada em Varginha há mais de três décadas aposta em escuta ativa, vínculos comunitários e metodologia própria para ampliar seu impacto social no Sul de Minas e além

Fundada há 32 anos no bairro Padre Vitor, em Varginha (MG), a Oficina do Ser inicia um novo ciclo com o retorno de sua criadora, Max Tovar, à presidência. À frente da ONG até 2027, Max assume com o compromisso de fortalecer a atuação local, consolidar sua metodologia e pavimentar o caminho para a expansão territorial. Com dez oficinas em andamento, cerca de 150 famílias atendidas regularmente e novos espaços comunitários, a instituição entra em uma fase marcada por estruturação estratégica e desejo profundo de irradiar sua prática transformadora para além das fronteiras atuais.

 

“A transformação que vimos florescer aqui prova que, quando há oportunidade e cuidado, talentos que estavam soterrados por dor e invisibilidade encontram espaço para emergir”, afirma Max. “Hoje, quem nos procura já vem com sede de mudança e isso mostra o quanto o impacto em um território reverbera em todo o seu entorno.”

Território que educa, território que escuta

O foco da gestão atual é implementar e fortalecer o conceito de território educador, que une escuta ativa, mapeamento de lideranças e aplicação do método criado pela própria ONG: o equilíbrio entre as quatro inteligências, prática, emocional, mental e intuitiva.

 

“Esse território começa se escutando. A gente não chega impondo soluções. É preciso sentir o solo, mesmo que ele esteja pedregoso, e ter paciência até as primeiras flores aparecerem”, explica Max. Segundo ela, expandir também significa construir alianças e oferecer suporte técnico-metodológico a outras iniciativas que compartilhem dos mesmos princípios.

Da infância improvisada à gestão estratégica

Ao revisitar o início do projeto nos anos 1990, Max lembra de reunir crianças em parques, com ações espontâneas e sem estrutura formal. “Hoje, precisamos de planos, parcerias, legislação. O tempo mudou, mas o propósito é o mesmo: criar um espaço seguro onde as pessoas possam se reconstruir por meio da escuta, da educação e do pertencimento.”

 

Esse compromisso com a dignidade, a constância e os vínculos afetivos segue sendo a espinha dorsal da instituição. A diferença é que agora a Oficina conta com metodologias aprimoradas, recursos tecnológicos e uma equipe preparada para lidar com diferentes níveis de vulnerabilidade.

Atividades diversas, cuidado integral

A programação da Oficina do Ser atende diferentes faixas etárias: de meditação e exercícios para idosos a dança do ventre, artesanato, manicure, rodas de cura feminina e oficinas voltadas para adolescentes. Todas as atividades são gratuitas. A instituição também mantém um parquinho infantil e uma sala de informática voltada para fins pedagógicos. Novas parcerias estão sendo articuladas para replicar o modelo em outras comunidades mineiras.

“Cuidar de uma comunidade é olhar para todas as fases da vida: da infância à velhice. Cada etapa precisa ser acolhida”, reforça Max.

A nova diretoria é formada por Tereza Zambotti (vice-presidente), Hugo Mesquita Duarte (tesoureiro), Barbara Tovar (vice-tesoureira), Adriana Vieira Ferreira (secretária) e Jaqueline Ribeiro Luz Carlos (vice-secretária).

Raízes firmes para crescer com sentido

Max reconhece que a expansão do projeto depende de bases sólidas. “Nosso desejo é multiplicar essa experiência, mas isso exige tempo, recursos consistentes e parceiros comprometidos. A pressa não constrói raízes profundas.”

Com mais de 6 mil atendimentos ao longo de sua trajetória, a Oficina do Ser entra numa fase de atuação estratégica sem abrir mão da escuta, do afeto e da sensibilidade que sempre guiaram seu caminho. “A transformação é silenciosa, mas poderosa. E é essa força que seguimos cultivando todos os dias.”