O rapper e empresário Sean “Diddy” Combs, de 55 anos, foi considerado culpado por duas acusações de transporte para fins de prostituição, segundo veredicto parcial divulgado nesta quarta-feira (2) pela Associated Press. Apesar disso, o júri o absolveu das acusações mais severas, como tráfico sexual, extorsão e formação de organização criminosa, crimes que poderiam resultar em penas de até prisão perpétua.
A decisão veio após três dias de deliberações intensas. As acusações confirmadas envolvem o transporte de mulheres — entre elas a ex-namorada Cassie Ventura e uma testemunha identificada apenas como “Jane” — com o objetivo de participação em atos de prostituição. Segundo a promotoria, essas práticas teriam ocorrido em um contexto de festas sexuais organizadas e controladas por Combs. A pena pode chegar a dez anos de prisão.
A defesa do artista sustentou ao longo do julgamento que as mulheres envolvidas teriam consentido livremente em participar dessas festas e que os relatos de violência foram exagerados. Combs optou por não depor e manteve sua declaração de inocência, negando que tenha usado sua equipe e estrutura empresarial para facilitar ou acobertar abusos. Ainda assim, as evidências apresentadas, como vídeos de agressão e relatos de abuso contínuo, impactaram o júri.
Entre os momentos mais fortes do julgamento esteve a exibição de um vídeo de 2016, gravado por câmeras de segurança de um hotel em Los Angeles, em que Combs agride Cassie com socos, chutes e a arrasta pelos corredores. O material reforçou o testemunho da modelo e cantora, que afirmou ter vivido anos de violência psicológica e física durante os 11 anos de relacionamento com o artista. Cassie também detalhou o funcionamento das chamadas “Freak Offs”, festas sexuais em que era forçada a satisfazer os desejos do rapper.
Outra testemunha chave foi “Jane”, que revelou episódios igualmente perturbadores, incluindo o uso de drogas para prolongar os encontros, relações com homens pagos por Diddy e práticas sexuais conduzidas sob a supervisão direta do artista. Os relatos fortaleceram a acusação de abuso sistemático, ainda que o júri tenha decidido não enquadrar os casos como tráfico sexual. Após o veredicto, Combs juntou as mãos em sinal de prece e abraçou seu advogado, encerrando mais um capítulo de uma trajetória agora marcada por um processo judicial de grandes proporções.