Por Thiago Boavida
Em mais uma iniciativa para acolher e oferecer oportunidades às pessoas em situação de rua na cidade, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), lançou nesta segunda-feira (10) o projeto “Ampara SP”, que conta com equipes especiais de abordagem para apresentar a esse grupo as formas de acolhimento oferecidas pelo município, como vagas em hotéis e centros de acolhida com quatro refeições diárias. Somente neste primeiro dia, das 7h às 12h, foram realizadas 132 abordagens, que resultaram em 86 pedidos para encaminhamento aos serviços de acolhimento.
A ação começou hoje (10), na Praça Armênia, no Bom Retiro, região Central da cidade, para garantir mais um conceito complementar à abordagem já existente às pessoas em situação de rua na cidade. No total, os profissionais da prefeitura visitam nesta segunda-feira 15 pontos com grande número de moradores em situação de rua. Além da região da Praça Armênia, o trabalho acontece em outros 14 pontos: Parque Dom Pedro, Glicério (dois locais), Minhocão, Avenida Paulista, Viaduto CPTM, Rua Vergueiro, Rua Ana Rosa, Centro Histórico, Viaduto 25 de Março, Viaduto Governador Roberto de Abreu Sodré, Viaduto Diário Popular, Avenida Mercúrio e Avenida do Estado.
Na ação, profissionais interdisciplinares promoverão o atendimento integral a essas pessoas, com foco no atendimento integral, escuta e acolhimento, como um aprimoramento das medidas já adotadas pelas equipes da SMADS e das Subprefeituras, sempre respeitando as individualidades de cada pessoa ou grupo.
“Nossa meta é fazer com que todas as pessoas que hoje vivem nas ruas tenham tratamento digno, e não mais sejam obrigados a morar em barracas nas ruas”, disse o prefeito Ricardo Nunes. ”, O secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr, reafirma a necessidade de criar saídas qualificadas para quem hoje vive nas ruas da cidade.
“Há uma mudança clara na abordagem com equipes diferenciadas que farão, neste primeiro momento, um percurso pré-determinado aqui na região central, que é a região de maior concentração de pessoas em situação de rua na cidade, para que a gente possa ter um fortalecimento de vínculos com essas pessoas, uma abordagem ainda mais humanizada, mais qualificada, para que possamos ter uma maior aderência dessas pessoas às vagas e aos espaços que estão sendo oferecidos, sempre com dignidade no acolhimento”, diz Bezerra.
Quando desejarem, os abordados serão encaminhados para vagas contratadas pela Prefeitura em hotéis e Centros de Acolhida localizados no Centro da cidade, que estarão preparados para receber pessoas com necessidades específicas, como pessoas sozinhas, com deficiência, famílias, idosos e população LGBTQIA+. Nestes serviços, as pessoas receberão, além da hospedagem, café da manhã, almoço, lanche e jantar. As vagas são fixas e não apenas para pernoite.
O Ampara SP percorrerá os pontos que foram mapeados previamente pelas equipes técnicas da Secretaria. Com duração de 24 horas por dia, o trabalho ininterrupto das equipes será realizado nos sete dias da semana, e contará com 46 técnicos especializados, sendo que, destes, 20% possuem trajetórias de rua e 10% são pessoas LGBTQIA+.
Marlon Alves Clemente estava em situação de rua, e hoje faz parte da equipe de abordagem. “Eu estava em situação de rua e fui acolhido pela Equipe Reencontro do Canindé. Fui chamado para trabalhar aqui. Estamos com uma proposta nova, é um programa novo. Hoje já fiz duas abordagens e as duas pessoas não queriam ir, por causa do cachorro. Antigamente não tinha esse espaço para o cachorro ficar ou mesmo a carroça, mas eu falei sobre os nossos serviços e elas acabaram aceitando ir para um desses locais, levando o cachorro”, contou.
A iniciativa da Prefeitura de São Paulo é um desdobramento do Programa Reencontro, instituído pelo Decreto n° 62.149 de 2023, no âmbito da Política Municipal para a População em Situação de Rua, Lei n° 17.252 de 2019. O Reencontro estabelece um conjunto de ações para garantir a proteção social e promover a saída qualificada da situação de rua, a partir da oferta de diferentes estratégias de promoção de direitos com enfoque no acesso à moradia e na inclusão produtiva.
“Estamos empenhando esforços para não só inovar nas propostas, mas trazer meios de melhorar e aperfeiçoar o atendimento na rede socioassistencial. O Ampara SP vem ao encontro desses objetivos quando coloca nas ruas equipes tecnicamente multifacetadas, com agentes sociais especializados nas áreas de Assistência Social, Pedagogia, Sociologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, entre outros. Temos vagas em hotéis e Centros de Acolhidas para aumentar a adesão por parte das pessoas que se encontram em situação de rua”, disse o secretário.
Patrícia Ferreira já trabalhou como cuidadora de idosos e na área administrativa, mas ficou desempregada na pandemia e acabou indo morar na rua. Nesta segunda (10), ela aceitou o acolhimento. “Cheguei a passar por algumas vagas de acolhimento, inclusive vagas fixas, fiquei em alguns centros de acolhida temporários e de acolhimento especial para mulheres. Hoje vivo com o meu companheiro e um dos motivos que me levava a recusar os serviços era falta de vagas específicas, que eu pudesse ficar com ele. Hoje nos foi ofertada uma vaga fixa em um hotel social, para que a gente fique junto e possamos começar uma vida nova, com outras expectativas, com moradia e a oferta de trabalho, para voltarmos a ter uma vida financeira”, contou.
Sobre o projeto
Com o projeto Ampara SP, a Prefeitura pretende implementar uma diversidade de metodologias e ações de especialistas, que estarão empenhados para sensibilizar as pessoas sobre as questões acerca da situação de rua, da oferta de atendimento na rede socioassistencial, bem como do acolhimento e qualificação profissional. O diálogo estabelecido neste projeto também está fundamentado em práticas recreativas, artísticas, culturais, além de diálogos para a consolidação de uma comunicação acolhedora, humanizada e assertiva.
O Ampara SP dispõe de uma equipe de profissionais capazes de proporcionar atendimentos interdisciplinares voltados ao desenvolvimento integral. São agentes sociais, arte educadores, terapeutas ocupacionais, educadores físicos e sociólogos, empenhados em realizar uma abordagem holística interdisciplinar, que tem como objetivo promover o resgate do pertencimento por meio do processo de fortalecimento do vínculo socioafetivo e da confiança, além de desenvolver ações de sensibilização por meio do estímulo da arte e da cultura como ferramentas de comunicação e desenvolvimento social.
Quando desejarem, os abordados serão encaminhados para vagas contratadas pela Prefeitura em hotéis e Centros de Acolhida localizados no Centro da cidade, que estarão preparados para receber pessoas com necessidades específicas, como pessoas sozinhas, com deficiência, famílias, idosos e população LGBTQIA+. Nestes serviços, as pessoas receberão, além da hospedagem, café da manhã, almoço, lanche e jantar. As vagas são fixas e não apenas para pernoite.
Há dois anos na rua, Tainara Camargo Teixeira aceitou hoje o acolhimento. “Ir para este serviço de acolhimento está sendo muito bom, porque como meu filho tem bronquiolite a friagem faz com que ele piore muito, principalmente na rua, em uma barraca. Saber que nós podemos ter um lugar onde a criança possa dormir no quentinho, limpa, está sendo muito bom. Espero que agora a gente consiga se reerguer e ter um lugar, um serviço e com o tempo até sair daqui, ir para a minha casa”, afirmou.
Foto: Divulgação