Em novo livro sobre Roberto Carlos, autor detalha famosa cena excluída pela Globo em filme

Por Thiago Boavida

“Roberto Carlos Outra Vez”, novo livro de Paulo César de Araújo (autor do polêmico “Roberto Carlos em Detalhes”, de 2006) sobre o rei, é um calhamaço de 700 páginas. E esse é apenas o primeiro volume da nova biografia do cantor, que será lançada em 15 de dezembro. Segundo a publicação feita pelo site UOL, o novo livro conta desde o nascimento de Roberto Carlos, em 1941, até 1970, já depois do fim da Jovem Guarda. Entre as centenas histórias que o autor pode explorar melhor na nova biografia está a polêmica relação com Tim Maia.

O assunto chegou a ser pauta há seis anos, em 2015, quando a Globo exibiu na TV aberta o filme “Tim Maia” (2014), de Mauro Lima, em duas partes e editado. O filme que foi para a TV cortou uma das cenas mais polêmicas que o público já havia visto no cinema. A cena mostra alguém da equipe do já famoso cantor Roberto Carlos amassando uma nota de dinheiro e jogando no chão para o até então desconhecido Tim Maia, que fez parte da mesma turma do bairro da Tijuca que revelaria Roberto e Erasmo Carlos. Como Paulo César de Araújo faz questão de lembrar em seu novo livro sobre o rei, tal cena não foi tirada da biografia de Tim Maia escrita por Nelson Motta, na qual o filme se baseou, mas sim da sua “Roberto Carlos em Detalhes”. Na edição, para agradar a Roberto Carlos, pareceu uma boa ideia à TV Globo excluir a cena do “dinheiro amassado” — como ficaria conhecida.

“A reação do público foi imediata, pois o longa tinha sido exibido havia poucos meses nos cinemas, e aquela cena já era a mais comentada. Com o corte dela na exibição pela TV, falou-se ainda mais. O fato repercutiu na imprensa e nas redes sociais, tornando-se a grande polêmica nacional naqueles primeiros dias de 2015”, escreve o autor.

Na mesma época, Roberto Carlos se defendeu e disse que sempre teve respeito por Tim Maia, apesar de a cena polêmica mostrar Roberto pedindo a um assistente que desse dinheiro a um Tim ainda na pindaíba, nos anos 1960, antes de conseguir se lançar como cantor.

No livro, o autor revela que quem teria jogado o dinheiro para Tim Maia foi Carlos Manga, diretor dos musicais de Roberto Carlos nos anos 60, e não um assistente, como foi retratado no filme. E questiona a memória seletiva de Roberto Carlos. “Roberto disse que consultou ‘amigos’ daquele tempo para confirmar a história. Terá procurado Carlos Manga, que ainda era vivo quando a polêmica eclodiu em janeiro de 2015, ou consultou apenas antigos assessores? É provável mesmo que nenhum deles se lembrasse do fato, pois, como sabemos, a memória é seletiva, nem tudo fica guardado.” Em casos como esse, de Tim Maia, quem geralmente nunca esquece é a pessoa atingida pela humilhação.

Carlos Manga morreu em setembro de 2015, oito meses após a polêmica vir à tona com a exibição do filme editado na TV Globo. Vale lembrar que Manga também era poderoso dentro da Globo, tendo dirigido Chico Anysio e Os Trapalhões na emissora e trabalhado na direção e produção de novelas como “Vamp”, “Anjo Mau” e “Torre de Babel”, além de séries como “O Sítio do Picapau Amarelo”.

Foto: Leo Aversa/Divulgação